Tuesday, April 29, 2008

O Globo Usuários esperam 40 minutos por catamarã
Apenas uma embarcação fez a ligação entre Charitas e a Praça Quinze durante a manhã
Luisa Valle*

Os problemas envolvendo as Barcas S/A continuaram ontem, quando apenas um catamarã, na linha Charitas -- Praça Quinze, operou, elevando para 40 minutos o tempo de espera entre as viagens. Passageiros que estavam na estação de Charitas reclamaram da demora e da grande fila que se formou do lado de fora da estação. Uma embarcação que faz a linha Centro de Niterói -- Praça Quinze também teve problemas, mas o intervalo entre as viagens não foi alterado, permanecendo entre dez e 12 minutos.

Esses não foram os únicos problemas de quem usa o sistema. O descuido de uma tripulante e a irresponsabilidade de um usuário do catamarã social da Barcas S/A, que faz a linha Praça Araribóia-Praça Quinze com tarifas mais baixas, por pouco não colocou as dezenas de passageiros da embarcação em risco, na manhã de ontem. De acordo com testemunhas, a funcionária que guardava a porta lateral abandonou seu posto ao receber a informação de que um passageiro estaria passando mal. Logo depois, quando a embarcação chegava à Praça Quinze, um passageiro abriu a porta lateral do catamarã sem esperar que ele atracasse.

- Abriram apenas a porta da frente do catamarã. As pessoas ficaram reclamando do calor. Um passageiro abriu a porta e todos saíram. A barca ainda não tinha terminado de atracar - contou Guilherme Andrade.

A concessionária Barcas S/A não confirmou o fato e está apurando o caso para poder se pronunciar.

Amanhã, a comissão especial da Alerj criada para estudar as condições do sistema aquaviário vai entregar ao procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, uma representação contra as concessionárias Barcas S/A, a Transtur e a Agência Reguladora de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Rio (Agetransp). O presidente da comissão, Gilberto Palmares, entregará também um abaixo-assinado de quatro mil usuários das barcas, com reclamações sobre o serviço.


O Globo PANORAMA POLÍTICO
'Já estou com o pé nessa estrada'

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai viajar por cerca de 10 países nos próximos 20 dias. Sua missão é debater e convencer os vizinhos a implementarem o Conselho de Defesa da América do Sul. O presidente Lula quer anunciar a criação do conselho durante a reunião que vai criar a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), no dia 23 de maio, no Rio de Janeiro. A proposta foi aceita por Argentina e Venezuela. Há expectativa quanto à posição do Chile e da Colômbia.
Clima
Ventos fortes em alto mar provocaram ressaca em várias praias do Rio de Janeiro. Somente na Zona Sul, bombeiros fizeram 96 operações de resgate
A orientação era para evitar o banho de mar. Mas muita gente enfrentou, ontem, as águas agitadas nas praias do Rio de Janeiro. A ressaca chegou à Praia do Leblon, na Zona Sul da cidade, com ondas de até 2m. Na Praia de Itaipu, em Niterói, as ondas chegaram a 2,5m de altura e deixaram o Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros em estado de alerta. Somente na orla da Zona Sul, foram realizadas 96 operações de resgate de banhistas.
De acordo com o meteorologista André Madeira, do Climatempo, o mar agitado foi conseqüência de um ciclone extratropical em alto mar na Argentina. “Os ventos fortes provocaram ondas que avançaram sobre o oceano e chegaram ao litoral. A tendência amanhã (hoje) é de redução”, disse. A agitação do mar no Rio de Janeiro é normal entre maio e setembro, mas, segundo o meteorologista, a antecipação do fenômeno não chega a causar espanto. A previsão é de que, a partir de quarta-feira, na véspera do feriado, o mar volte a subir por causa de uma frente fria, que também provocará chuvas.
Na última quinta-feira, o tráfego de catamarãs entre Charitas (Niterói) e a Praça XV (Rio de Janeiro) foi proibido depois de um acidente envolvendo uma embarcação com 237 pessoas. A catamarã teve a porta da proa arrancada pelo mar revolto. Dezessete pessoas ficaram feridas. Entre elas, duas grávidas.
Folha de São Paulo Continua busca por padre balonista
Marinha afirma que 72 horas é o período no qual há mais chance de se encontrar um náufrago com vida; a busca oficial durou seis dias
DIMITRI DO VALLE
Mesmo com o fim oficial das buscas, decretado pela Marinha no final da tarde de anteontem, a procura pelo padre Adelir Antônio de Carli continua sendo feita por voluntários, no litoral de Santa Catarina, onde o religioso desapareceu.
A Marinha informou que realizou todos "os esforços possíveis" ao manter os trabalhos durante seis dias, acima de 72 horas, considerado o período com maior chance de se encontrar um náufrago com vida.
Mas equipes do Corpo de Bombeiros de Penha (129 km a norte de Florianópolis) e voluntários vasculham regiões de mata e do litoral próximo ao município, onde a família acredita que Carli possa estar perdido. Ele caiu no mar quando partiu de Paranaguá (90 km de Curitiba) para tentar voar preso a cerca de mil balões de festa.
Parentes saíram de Ampére (291 km de Curitiba), a cidade natal do padre, para acompanhar as buscas neste final de semana em Penha, onde foram localizados os primeiros restos de balões usados no vôo.
Enquanto Carli não for encontrado, a família não admite trabalhar com a hipótese de que o religioso morreu. "Até que ele não seja encontrado, para nós ele está vivo e esperando ser resgatado", disse a comerciante Elizabete de Carli, prima do religioso.
Elizabete declarou que a família tem "rezado para que [este domingo] seja o último dia de buscas". "Estamos rezando para que Deus ilumine os guias para o lugar certo."
Até o fechamento desta edição, o padre não havia sido encontrado.
O dono de uma escola de balonismo em Belo Horizonte, Lincoln Fernandez Freire, disse que o caso deve servir como alerta para as autoridades aéreas impedirem novas tentativas semelhantes a do padre.
Freire afirmou que o religioso, além de desconhecer como estavam as correntes de vento, ignorou o perigo de encontrar nuvens repletas de turbulência.
"Aeronaves de grande porte evitam passar por nuvens assim para não correr risco de danos na estrutura do avião. Imagina uma pessoa amarrada a balõezinhos de festa?", declarou o empresário, que tem 20 anos de prática de balonismo.
Jornal do Brasil
GILBERTO AMARAL
O arauto da Defesa /Ordem militar
O arauto da Defesa
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, terá hoje com o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, hoje, e com o do Equador, Rafael Correa, na quarta-feira, com quem participará do vôo inaugural da linha entre Manaus e Quito. Nos dois encontros, Jobim pretende levar a proposta de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa, já apresentada à Guiana e ao Suriname.
Ordem militar
O diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, foi condecorado com a Medalha do Mérito Militar, no grau de Oficial. A Ordem do Mérito Militar é a mais elevada distinção honorífica do Exército Brasileiro e destina-se a premiar personalidades ­ militares e civis ­ que tenham prestado notáveis serviços ao país e ao Exército.

Tuesday, April 22, 2008

Aventura perigosa

Padre voa em balões de festa, sai da rota e desaparece no mar
Equipe de busca inclui helicóptero, avião da FAB, navio da Marinha e pescadores voluntários

Evandro Fadel

Um grupo de cem pessoas - com o auxílio de um helicóptero da Polícia Militar de Santa Catarina, duas embarcações da Marinha, um avião da FAB e outro do governo do Paraná, além de vários pescadores voluntários - prosseguiu, até as 18 horas de ontem as buscas ao padre paranaense Adelir De Carli, de 41 anos, que está desaparecido desde a noite de domingo, quando tentava fazer um vôo de 20 horas, sentado em uma cadeira, amarrada a mil balões de festas, cheios de gás hélio. O último contato aconteceu por volta das 21 horas, quando avisou que estava pousando no mar, a cerca de 15 quilômetros a leste das Ilhas Tamboretes, a 5 quilômetros da costa da Ilha de São Francisco do Sul, litoral norte de Santa Catarina.

No site da Pastoral Rodoviária, à qual o padre está ligado desde a ordenação há cinco anos, ele diz ter criado o evento Voar Social, como forma de atrair a mídia e divulgar assistência espiritual e social aos caminhoneiros. Ele declara ter “vasta experiência” como esportista em montanhismo, mergulho, pára-quedismo e vôo livre (parapente). De Carli já tinha levantado vôo, com a ajuda de 500 balões, em 13 de janeiro, em Ampère, no sudoeste paranaense. Atingiu 5.337 metros e desceu 4 horas e 15 minutos depois, a 110 km dali, em San Antonio, na Argentina. Segundo ele, o recorde de altitude anterior era de 3,9 mil metros, de um americano.

Desta vez, De Carli pretendia bater o recorde de tempo, que é de 19 horas, e ficar uma hora a mais no ar. Esperava que os balões o levassem para o interior do Paraná. Para isso, partiu de Paranaguá, no litoral do Estado, por volta das 13 horas de domingo. Seu peso total, com o equipamento, era de 250 quilos. Antes da aventura, celebrou uma missa na Paróquia São Cristóvão - onde os fiéis passaram ontem o dia em orações. Pouco antes da subida, foi questionado por um repórter da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) se não seria teimosia enfrentar a chuva daquele momento. “Não, vou subir acima dela.”

Mas a preocupação da equipe de apoio começou cedo. Às 14h45, ele já estava a 5.800 metros de altitude, quase o dobro do previsto, e dirigia-se para o leste, na direção do oceano. Em contato telefônico com produtores da RPC, o padre disse que estava bem, mas relatou muito frio e desconhecimento do equipamento. “Eu preciso entrar em contato com o pessoal para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui, para dar as coordenadas de latitude e longitude, que é a única forma de alguém por terra saber onde eu estou. O celular via satélite fica saindo fora de área e a bateria está enfraquecendo.” Nos contatos feitos com a equipe, ele disse que chegou a se distanciar cerca de 50 km da costa de São Francisco do Sul. Às 20 horas, já tinha voado 145 km. O último contato foi com o comandante do Grupo de Radiopatrulhamento Aéreo (Graer), capitão Nelson Henrique Coelho, às 21 horas, quando avisou que estava pousando no mar. De Carli disse que não tinha mais lastro.

O lastro é formado por água armazenada em cilindros que o padre jogava para fora do cesto amarrados - para perder altitude. Ele foi aconselhado a não se desgrudar dos balões, que poderiam ajudar na flutuação e na visualização - na primeira experiência, ele cortava os balões com estilete. À 0h30, os primeiros balões foram avistados na Praia da Penha, a 60 km de São Francisco do Sul. Ontem, às 11 horas, mais balões foram vistos na Ilha dos Remédios, no sul da ilha de São Francisco. A equipe de buscas deve retomar hoje o trabalho.

O padre usava roupa térmica capaz de suportar até 10 graus negativos. Ontem, a temperatura da água no litoral norte catarinense estava em 21 graus, o que garantiria a sobrevivência, dependendo das condições físicas.