Sunday, May 25, 2008

Conselho de defesa fica para depois
Governo da Colômbia rejeita proposta do presidente Lula e justifica ações extraterritoriais. Grupo de trabalho tem a tarefa de elaborar novo projeto para ser apresentado em três meses
A resistência do presidente colombiano, Álvaro Uribe, impediu que a proposta de criação do Conselho de Defesa Sul-Americano — preparada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — fosse aprovada na reunião de ontem. O Uruguai também apresentou reservas. O vice-presidente Rodolfo Nin Novoa indicou que aceitaria endossar o documento com ressalvas relativas ao uso e à proteção do mar territorial. A solução, encontrada pela chefe de Estado do Chile, Michelle Bachelet, foi a formação de um grupo de trabalho, reunindo representantes dos ministros da Defesa dos 12 países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), para preparar um novo projeto. O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, propôs um prazo de 90 dias para a tarefa. Ao fim desse período, o projeto final será apresentado aos presidentes em um novo encontro.
A proposta foi encaminhada em discurso por Lula. Para ele, o organismo poderia coordenar as ações para a construção da paz no continente. Caberia ao conselho preservar a integridade territorial e impedir a ingerência externa. Além disso, coordenaria os requerimentos das Forças Armadas dos 12 países, o que viabilizaria a criação de uma indústria militar. Na conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, ao lado do presidente da Bolívia, Evo Morales, e de Bachelet, o mandatário brasileiro negou que a idéia tenha fracassado. “Nosso objetivo era apenas abrir a primeira discussão sobre o tema”, explicou. “Temos vários pontos para levar em consideração, como a questão da Amazônia, do Pacífico, do Atlântico e do Mar do Caribe. Precisamos ter nosso setor de defesa pensando conjuntamente. Isso só será possível se criarmos o instrumento, que é o conselho”, explicou.
Bachelet saiu em seu apoio: “A proposta teria fracassado se não tivesse nem entrado na pauta da reunião de cúpula, ao contrário do ocorreu. Parece-me positivo que países da Unasul tenham projetos de cooperação nessa área. Vamos combinar as capacidades. Há elementos que cada um considera como oportunos. Queremos fechar o grupo de trabalho com uma tarefa concreta”. Ela também argumentou de que o órgão terá condições de normatizar ações para a região, como a intervenção militar no Haiti.
Recusa
Antes do almoço dos chefes de Estado, no Itamaraty, a Chancelaria da Colômbia divulgou nota explicando a recusa. O documento alegava que o país vive sob a ameaça do terrorismo e gozaria de justificativa para ações extraterritoriais — a desculpa contraria o estatuto da nova organização. Lula e Uribe se encontraram após confraternização. A reunião não contou com a presença do presidente do Equador, Rafael Correa (leia mais na página 30), que voltou para seu país no início da tarde de ontem.
A posição do governo brasileiro é de que será possível constituir o novo organismo mesmo sem a presença da Colômbia. Na chegada ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que realizou um tour pela América Latina defendendo a criação do conselho, ressaltou: “Temos 11 a favor e um contra. Isso não inviabiliza a formação do organismo.” Um assessor do chanceler Celso Amorim considerou o resultado bastante proveitoso: “Aqui no Itamaraty nós achávamos que a proposta era audaciosa demais para ser formalizada hoje. A idéia surgiu há apenas dois meses e precisa de um tempo de maturação. Com um prazo para realização do trabalho, será, com toda certeza, aprovada num futuro relativamente curto”, avaliou.
Correio Braziliense

Condenação à guerrilha
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, fez ontem um apelo para que a recém-criada União das Nações Sul-Americanas (Unasul) não conceda status político às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e considerem a guerrilha um grupo terrorista. Ele justificou a negativa de Bogotá em criar o Conselho de Defesa Sul-Americano, uma idéia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Temos um problema de terrorismo muito grave, que gerou dificuldades políticas com governos de povos irmãos”. E disse esperar que a América do Sul seja um continente onde não seja permitido a ninguém romper a regra democrática. “Queremos que todos da Unasul colaborem para capturar os terroristas que afetem a qualquer povo irmão”, apelou. “O continente deve atrever-se a qualificar como terrorista todos os grupos violentos que atentarem contra a democracia”, acrescentou.
De acordo com o líder colombiano, os “terroristas” das Farc têm alta capacidade de recrutamento. “Na Colômbia, chegamos à quarta geração de guerrilheiros. As Farc têm sido um grupo sanguinário, terrorista, que assassina mulheres grávidas e crianças, explode carros-bomba e atenta contra a democracia”, reforçou. Questionado se a inclusão das Farc na lista dos grupos terroristas seria uma condição para a adesão de Bogotá ao Conselho de Defesa Sul-Americano, Uribe respondeu que esse é “um ponto de reflexão”.
Correio Braziliense

Cúpula da UNASUL Vizinhos em alta tensão
Rafael Correa, presidente do Equador, afirma que relações com Colômbia são “deploráveis”. Álvaro Uribe rebate, recomenda ao colega tratar temas frente a frente e ataca a Venezuela
Se depender das reações de seus presidentes, Equador e Colômbia parecem muito distantes da paz. Rafael Correa e Álvaro Uribe não se cumprimentaram, evitaram trocar olhares e se sentaram em lados opostos da sala onde foi assinado o Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O Correio apurou que o governo do Equador recusará qualquer contato com Bogotá, enquanto Uribe não encerrar sua “campanha militar”. Nos bastidores, quase nada se fala sobre o conflito. A declaração mais contundente partiu do próprio Correa, que considerou “deploráveis” e “críticas” as relações entre os dois países. A crise regional foi deflagrada em 1º de março, quando tropas de Bogotá bombardearam um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano e mataram Raúl Reyes, número dois e porta-voz da guerrilha esquerdista.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou contornar o mal-estar e tomou café da manhã com Correa e Uribe no anexo do Meliá Brasília Hotel. No final da tarde, reuniu-se a sós com Uribe. Mas o clima tenso ficou evidente pela manhã, pouco antes da assinatura do Tratado Constitutivo da Unasul. O chefe de Estado boliviano, Evo Morales, enumerava os princípios do bloco. Quando citou a paz e conceituou-a como “não mais confrontação e não mais guerra por interesses mesquinhos”, Uribe cruzou os braços e cerrou os lábios.
Em entrevista à imprensa, ainda no Centro de Convenções, Correa não poupou ironia e até recomendou que Uribe fosse investigado. “As relações com os colombianos têm sido fraternas, pois nossos povos são irmãos. Com o governo da Colômbia, pelos motivos que todos conhecem, há uma situação muito deplorável. Há um ponto morto, uma situação crítica, eu diria... Todos desejamos que as relações bilaterais sejam reatadas o mais rápido possível. Mas com justiça, com dignidade”, declarou, antes de denunciar uma campanha midiática por parte de Bogotá. Ele condicionou a retomada das relações diplomáticas com Quito ao “fim dos ataques”.
Ao falar sobre a investigação do computador de Reyes que supostamente atestaria a ligação das Farc com o Equador e a Venezuela, Correa apelou para a ironia. “Eu recomendaria que investigassem a narcopolítica e a parapolítica que, lamentavelmente, existem na Colômbia”, disse. A denúncia de que Bogotá teria manipulado arquivos encontrados no disco rígido partiu do próprio chefe de Estado equatoriano. Alguns documentos comprovariam o envolvimento de Caracas e Quito com as Farc.
Em defesa da transparência
Questionado pelo Correio sobre as críticas do Equador, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, saudou com afeto o povo equatoriano, mas não se furtou em dar um conselho ao chefe de Estado do país vizinho. “É preciso aproveitar essas reuniões para se dizer tudo o que é preciso. E não silenciar e depois falar essas coisas à imprensa”, atacou, admitindo que mostrou-se disposto a debater todos os assuntos durante a cúpula de ontem, em Brasília. Segundo Uribe, é muito melhor tratar os temas “frente a frente”, tornando possível a abertura de um espaço à discussão.
Bem-humorado e solícito às perguntas da imprensa, o líder colombiano também garantiu que as relações com a Venezuela não estão abaladas. “Hoje pela manhã cumprimentei o presidente Chávez e saudei sua filha com todo o afeto. Disse a ela que sua geração tem de viver feliz e livre”, contou Uribe, referindo-se à ameaça “terrorista” que paira sobre crianças e jovens da Colômbia. Sem citar nomes e em uma velada acusação contra Caracas, o presidente lembrou que “neste continente, alguns pensam que as Farc são um grupo político”. De acordo com Uribe, Lula apoiou a segurança da nação colombiana e disse várias vezes que não faria reuniões com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Chávez
Mais tarde, Chávez confirmou ter conversado com Uribe durante a cúpula. “Estive com Uribe, e nos demos as mãos, bem estendidas. Eu disse a ele: ‘Aqui está a mão, presidente, aqui está o coração’”, disse o venezuelano. Em entrevista exclusiva ao Correio, Andrés Izarra, ministro das Comunicações da Venezuela, comentou que o conflito entre Equador e Colômbia tem como causa a política belicista de Bogotá. E admitiu que o tom da crise foi elevado com a denúncia envolvendo os computadores apreendidos no acampamento das Farc. “Estão armando um aparelhamento midiático em torno do tema. O Equador já chegou a assumir que o tema seria usado pelos colombianos para estragar as relações entre os dois países”, acusou.
À saída do Itamaraty, Marco Aurélio Garcia — assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais — pôs panos quentes na crise. Ele assegurou que o conflito pode ser resolvidos pelos próprios presidentes. “O clima entre os dois países estava desanuviado, melhorou bastante. A prova é que o Tratado Constitutivo da Unasul foi assinado sem nenhum problema”, assegurou. Garcia considerou “normal e civilizada” a relação entre os governantes e revelou que, nos bastidores, Chávez e Uribe conversaram de modo descontraído por 15 minutos. “O tempo ajuda as coisas”, concluiu. (RC)
Ataque às farc causou crise
Raúl Reyes, número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), encontrou a morte em território equatoriano, no último dia 1º de março. Um bombardeio da aviação colombiana detonou uma das mais graves crises dos últimos tempos na América do Sul. Mesmo sem estar diretamente envolvido no conflito, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reagiu com indignação à ofensiva, ordenou o fechamento de sua embaixada em Bogotá e mobilizou 10 batalhões militares nas fronteiras entre os dois países. Por sua vez, o chefe de Estado do Equador, Rafael Correa, anunciou a retirada de seu embaixador na Colômbia, Francisco Suéscum, e expulsou o embaixador da Colômbia em Quito, Carlos Holguín.
O governo Uribe acusou Chávez de financiar a insurgência esquerdista do país vizinho. E culpou Quito por ter mantido contatos com Reyes, ao apresentar supostas provas confiscadas em computadores apreendidos no acampamento das Farc. Entre elas, uma carta escrita em 14 de fevereiro pelo comandante Iván Márquez, membro da cúpula da guerrilha, que cita o “financiamento de Caracas às Farc por US$ 300 milhões”. Além de Venezuela, Equador e Colômbia moveram tropas para a fronteira, e a crise ganhou uma escalada armamentista que espalhou tensão pela América do Sul. Quito acusou Bogotá de adulterar os arquivos do computador de Reyes, mas uma perícia realizada pela Interpol negou modificações. Desde então, as relações entre os países permanecem cortadas.

Correio Braziliense

ECONOMIA
Combustíveis- Mais perto de vender petróleo
The Wall Street Journal atribui queda de 1,8% na cotação da commodity na última quinta-feira à perspectiva de que descobertas da Petrobras possam suprir o aumento do consumo no mundo
Reportagem publicada na edição de ontem do The Wall Street Journal (WSJ) diz que “uma agitação da atividade da Petrobras” está aquecendo a especulação de que o Brasil pode ter petróleo suficiente para participar das “grandes alianças de exportadores mundiais” do produto e “aliviar a pressão sobre os preços em alta”.O jornal menciona o anúncio feito na última quarta-feira pela estatal, de ter encontrado indícios de petróleo no pré-sal, bloco BM-S-8. A área está localizado a cerca de 250 quilômetros da costa do estado de São Paulo, próxima ao campo Tupi, “a maior descoberta mundial desde 2000 e a maior do Ocidente desde 1976”, lembra a publicação.
“Com os preços do petróleo atingindo novas máximas, grandes descobertas no Brasil devem aumentar o otimismo do setor de energia de que pode entregar petróleo suficiente para acompanhar a aceleração da demanda”, diz o The Wall Street Journal. Segundo a publicação, a queda de 1,8% registrada quinta-feira na cotação do petróleo na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), para US$ 130,81 o barril, pode ser atribuída “parcialmente à perspectiva de mais oferta por parte do Brasil”. As grandes descobertas no Brasil seriam especialmente bem-recebidas nos EUA, ao propiciar uma nova fonte de petróleo em seu próprio hemisfério, diz o jornal. A reportagem lembra que perfurações exploratórias em campos diferentes produziram um petróleo muito semelhante ao da descoberta anunciada na quarta-feira, alimentando uma nova teoria “perturbadora”: a de que a Bacia de Santos seria um “megadepósito contíguo de petróleo”.
Riscos
Observadores do setor disseram ao jornal que, apesar da excitação, há boas razões para ceticismo. Eles apontaram os riscos e os custos de extrair petróleo de águas ultraprofundas. “O sal que encobre os campos potenciais acrescenta desafios técnicos, porque se desloca e é propenso a súbitas mudanças de pressão”, diz a reportagem. “E a despeito dos avanços na tecnologia de imagem, é impossível saber a quantidade e a qualidade do petróleo contido numa reserva até que ele comece a jorrar — um processo que pode levar anos”, afirma o The Wall Street Journal. “Isso ainda está num estágio muito preliminar”, disse ao jornal Peter Jackson, diretor sênior da consultoria especializada Cambridge Energy Research Associates. “Num jogo desse tamanho e escala, ainda há muito de avaliação e dever de casa a fazer para estabelecer as reservas prováveis, e depois eles terão muito trabalho para distribuir isso”, afirmou.
O jornal cita a forte valorização das ações da Petrobras, que fez a empresa superar nomes como o da Microsoft em capitalização de mercado. A reportagem aponta ainda a suspensão dos leilões programados para novas concessões de exploração na Bacia de Santos após a descoberta do campo Tupi. “Alguns observadores leram isso como um sinal de que os brasileiros acreditam que a bacia está inchando de petróleo e querem melhorar os termos nos novos leilões. “O The Wall Street Journal enumerou recentes investimentos feitos pela Petrobras e lembrou a especulação gerada por declarações dadas no mês passado pelo diretor da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, segundo as quais a Bacia de Santos poderia conter 33 bilhões de barris. “Mesmo com o petróleo já descoberto, parece quase certo que o Brasil, que era importador líquido de petróleo há poucos anos, vai se juntar à Venezuela e ao México no grupo dos principais produtores de petróleo da América Latina”, diz a reportagem.
“Para um país que começa a abandonar seu passado como país de desenvolvimento volátil, essa fonte de riqueza pode ser uma bênção confusa”, afirma o The Wall Street Journal. “O dinheiro do petróleo encherá os cofres do governo mas também pode tentar o Brasil a seguir os hábitos esbanjadores de outros grandes exportadores de petróleo”, alfineta.
Correio Braziliense

MUNDO
Sucessão nos EUA-McCain vai ao ataque
Senador republicano diz que Obama não serviu às Forças Armadas, mas é criticado por ter se ausentado de votação no Congresso

A batalha verbal entre democratas e republicanos esquenta com a quase certa indicação do senador Barack Obama como candidato da oposição à presidência dos Estados Unidos. Seguro de quem será seu adversário nas eleições de 4 de novembro, o senador John McCain, ex-piloto da Marinha, lembrou ontem que o adversário não serviu às Forças Armadas e o chamou de inexperiente, principalmente em assuntos internacionais.
“Eu tenho o conhecimento e a experiência para liderar esta nação. Meu oponente não tem”, afirmou McCain durante campanha em Stockdale, na Califórnia. “Eu admiro e respeito o senador Obama. Para um homem jovem com tão pouca experiência, ele tem agido muito bem”, disse, em tom irônico, o candidato republicano. Para McCain, seus 71 anos de idade pesam sobre os 46 anos do democrata.
Um outro assunto esquentou a briga entre os dois candidatos: a lei que oferece apoio financeiro aos veteranos das guerras do Iraque e do Afeganistão que desejarem retomar os estudos, votada na quinta-feira no Senado americano. Os pré-candidatos democratas, Hillary Clinton e Barack Obama, interromperam a campanha para participar da votação. McCain, que é veterano, não. “Eu não entendo por que ele ficou do lado do presidente, contra essa lei. Eu não acredito que seja porque ele (McCain) pensa que é tão generoso com os nossos veteranos”, criticou o senador por Illinois.
McCain respondeu de maneira dura. “Eu não aceito do senador Obama, que não sentiu que era responsabilidade dele servir nosso país, nenhuma lição. É típico, mas não menos ofensivo que ele use o Senado para disparar contra um oponente e tirar vantagem fácil de um assunto do qual ele não entende nada”. O republicano apresentou ontem 1.173 páginas de seu histórico médico desde 2000, com o objetivo de comprovar que tem saúde suficiente para comandar o país, apesar de já ter sofrido câncer de pele em 1993, 2000 e 2002.
Obama e McCain voltam suas atenções para a Flórida, de olho no voto dos cubanos-americanos. Cerca de 1,5 milhões de cubanos vivem em território americano. A maioria rejeita Obama, que se diz a favor de um diálogo com Cuba e de se encontrar com Raúl Castro. Segundo pesquisas feitas no estado, 70% dos cubanos votariam no Partido Republicano.
O senador democrata participou de duas importantes reuniões ontem: uma foi com a influente Fundação Nacional Cubano-Americana. O senador democrata afirmou que manterá o embargo econômico à ilha, mas permitirá aos cubanos exilados mandarem mais dinheiro ao país de origem. Outro encontro importante foi com os representantes judeus em Boca Ratón. O democrata fez questão de reafirmar que não é muçulmano, que sempre se sentiu próximo do povo judeu e não negociará com os grupos Hamas e Hezbollah.
Apoio aos latinos
Algumas idéias de Barack Obama sobre as relações com o Brasil foram divulgadas ontem no documento Uma nova parceria para as Américas, divulgado pela campanha do senador por Illinois. Segundo Obama, os brasileiros são vistos como parceiros para o desenvolvimento de biocombustíveis, mas também como o principal concorrente dos produtores norte-americanos. A Amazônia é vista como “um importante recurso global na batalha contra o aquecimento do planeta”.
A intenção do democrata, de acordo com o texto, é “expandir a produção de energia renovável por toda a América Latina”.
No documento, Obama também apóia o direito da Colômbia “de atacar terroristas que buscarem santuário além de suas fronteiras”. O senador, que já declarou ser contra o tratado de livre comércio dos EUA com os colombianos, apenas opinou sobre questões de segurança. O senador apoiou a defesa do país latino-americano contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e prometeu expor “para condenação internacional e isolamento regional qualquer apoio” de uma nação vizinha à guerrilha.
Se for eleito presidente, Obama garantiu que vai negociar com toda a região, inclusive com o venezuelano Hugo Chávez, mas para pedir explicações sobre suas relações com as Farc. Em um discurso para os latinos na Flórida, Obama chamou Chávez de “demagogo” e disse que Bush está “isolando” Washington no continente.
Correio Braziliense

CIDADES
Trânsito- Reação à embriaguez ao volante
Campanha para reduzir mortes nas pistas será focada na fiscalização dos motoristas que abusam do álcool. Em cerca de 60% dos acidentes fatais, condutor havia bebido
O combate aos motoristas embriagados é o principal foco da campanha que o Departamento de Trânsito (Detran) lançou ontem para reduzir o número de mortes nas ruas da capital federal. Dirigir alcoolizado é a causa de cerca de 60% dos acidentes fatais, segundo dados do Detran. Quem tem o hábito de beber e assumir o volante deve se preparar: agentes intensificarão as blitzes, como a realizada na madrugada de quinta-feira, que flagrou oito motoristas embriagados. Um dos homens, de tão alcoolizado, não conseguiu sequer soprar no bafômetro. Mesmo sem realizar o exame, o condutor foi autuado e responderá a processo administrativo. Ele deve perder o direito de dirigir.
Em 2006, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estabeleceu mecanismos para identificar condutores bêbados, sem a necessidade da realização de exames de sangue ou do teste de bafômetro. Desde então, o motorista que se recusar a fazer os testes também é autuado, com base na análise visual realizada pelos agentes de trânsito (confira arte).
“O primeiro passo é verificar se há garrafas ou latas dentro do automóvel. Além disso, a pessoa embriagada aparenta sonolência, fica com os olhos vermelhos, rubor facial, agressividade e exaltação”, explica a médica Júlia Maria Greve, em um vídeo produzido pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). A entidade colaborou com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) na elaboração da Resolução nº 206/06, que estabelece os critérios para identificar motoristas embriagados, mesmo sem a realização de testes.
Sem carteira
No momento da autuação, o agente recolhe a carteira de habilitação do motorista embriagado, caso seja feito exame ou se o fiscal entender que o condutor bebeu acima dos limites. Se houver outra pessoa apta a dirigir, o autuado pode seguir viagem no próprio carro. Senão, o veículo é levado ao depósito do Detran e o bêbado fica a pé. No primeiro dia útil seguinte à ocorrência, o condutor autuado pode recuperar o documento de habilitação no Detran. Nesse momento, é aberto um processo de suspensão do direito de dirigir, que pode acabar com a cassação da carteira do autuado.
O gerente de Fiscalização do Detran, Silvaim Fonseca, explica que esse processo pode demorar até seis meses. “Há três fases de recurso, para que o motorista tenha amplo direito à defesa. Se a autuação for aceita, o condutor tem a permissão de dirigir suspensa e precisa voltar à escola pública de trânsito”, explica Fonseca. De janeiro a abril deste ano, o Detran cassou 61 carteiras de habilitação de motoristas que conduziram embriagados. Mas o número de pessoas flagradas sob efeito do álcool é muito maior. Até o dia 15 de maio, 527 motoristas bêbados foram flagrados pelo Detran, durante blitzes com o uso de bafômetros.
O limite autorizado hoje por lei é de 0,6g de álcool por litro de sangue. Quando o exame é realizado com o bafômetro, o teor permitido é de 0,3mg por litro de ar expelido dos pulmões, no momento do sopro no aparelho. “Em média, as pessoas flagradas com alto teor alcoólico estão de duas a três vezes acima desse limite”, revela Silvaim Fonseca. “Orientamos os motoristas a fazerem o exame do bafômetro porque, de uma forma ou de outra, a autuação é feita”, acrescenta.
Rigor
A realização de blitz para flagrar condutores alcoolizados é defendida pelo professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques. Especialista em trânsito, ele acredita que “a legislação brasileira é boa, é suficiente”. O que falta, segundo o professor, são mais ações de fiscalização, como a da quinta-feira. “Pode-se até reduzir o limite permitido de álcool no sangue. O Ministério da Justiça apresentou essa proposta (de diminuição de 0,6g por litro de sangue para 0,3g), mas o que falta é capacidade de fiscalização, de fato fazer valer o limite”, avalia Marques.
Além de fiscalização e punição, o professor também defende mais prevenção. “O Código Brasileiro de Trânsito (CBT) prevê que as campanhas devem ser em caráter permanente. Mas têm sido muito concentradas em feriadões, datas festivas, início de aula, início da chuva”, enumera o especialista. “Aquelas de caráter permanente para a questão álcool, do respeito aos pedestres e ciclistas, coisas desse gênero, não têm sido feitas o tempo todo”, reclama.
Para o professor, a Justiça está cumprindo seu papel ao punir com rigor e tem evoluído no entendimento sobre os crimes de trânsito. “Às vezes o indivíduo era indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar), ao invés de doloso (com intenção), e até o fato de estar alcoolizado ficava mais como atenuante do que como agravante”, lembra Paulo César Marques. “Os casos que vêm se repetindo e a exposição deles na imprensa têm mudado as punições. A Justiça tem agido com rigor.”

Wednesday, May 07, 2008

Outros exercícios
Nelson de Sá
Não é só com a Marinha dos EUA que o Brasil faz operações no Atlântico Sul. Os indianos "Hindu" e "Economic Times" deram que "o eixo trilateral" Índia, Brasil e África do Sul iniciou na segunda um exercício naval de dez dias, na costa da Cidade do Cabo. Envolvendo navios, submarinos e aviões, "visa a enfrentar o terrorismo no mar".
Folha de São Paulo Antes de sair, Putin fecha acordo nuclear com EUA
Presidente russo entrega hoje o cargo a Medvedev
Um dia antes de entregar o cargo de presidente da Rússia ao aliado Dmitri Medvedev, Vladimir Putin tomou ontem mais uma medida estratégica de última hora ao assinar um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos.
O documento abre uma nova era na parceria tecnológica e comercial russo-americana e sinaliza um apaziguamento na relação bilateral, abalada entre outras razões pela recusa de Moscou em confrontar o programa nuclear iraniano.
O principal objetivo do acordo é ampliar o comércio nuclear bilateral entre empresas das duas maiores potências atômicas do mundo, abrindo caminho para a criação de joint ventures no setor.
O acordo facilitará o acesso dos americanos a enormes reservas de urânio na Rússia e permitirá aos russos penetrarem no mercado de energia nuclear dos EUA. Até agora, a Rússia não tinha acesso direto a esse atrativo segmento de negócios nos EUA.
O pacto também pode ajudar a Rússia a estabelecer uma instalação internacional para estocar combustível nuclear. Haveria dificuldade para fazer isso sem o apoio dos EUA, país que controla a maior parte do combustível nuclear mundial.
"O valor potencial desse acordo é o valor de todos os contratos que podem ser assinados entre as empresas dos dois países na esfera nuclear, que é obviamente de bilhões de dólares", disse uma fonte russa.
Em outra decisão estratégica tomada às vésperas de entregar o cargo, Putin havia promulgado anteontem uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em setores estratégicos da economia nacional, como a indústria de armamento e os meios de comunicação.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para poder comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Herança
Proibido por lei de concorrer a um terceiro mandato, Putin, 55, deixa hoje a Presidência russa após oito anos de gestão com aprovação de 70%. Ele é considerado responsável pelo fim do caos causado pela desintegração da União Soviética e mentor da recuperação da Rússia como potência geopolítica.
Putin continuará tendo grande influência na política russa, já que ele será o primeiro-ministro de Medvedev, que será empossado hoje em grandiosa cerimônia no Kremlin.
Com agências internacionais
Folha de São Paulo Painel do Leitor
Exército
"A respeito do artigo "Em busca da crise" (Brasil, 24/4), o Centro de Comunicação Social do Exército ressalta que o Brasil tem um histórico respeitável no que diz respeito à participação em missões de paz.
Essa participação inclui desde o envio de observadores e assessores militares até a participação mais efetiva com contingentes militares completos, como é o caso no Haiti.
O contingente brasileiro no Haiti é substituído a cada período de seis meses, conforme memorandos de entendimento entre as partes envolvidas e a ONU. A missão não tem prazo previsto para término. Ela é renovada a cada contingente, de acordo com a solicitação do Haiti, a aprovação da ONU e a aceitação por parte do governo brasileiro. Em maio próximo, terá início o rodízio do oitavo para o nono contingente.
Quanto ao cargo de "Force Commander", citado no artigo, que vem sendo exercido por brasileiros desde o início da missão no Haiti, o período de permanência previsto pela ONU -assim como de outros assessores de origem multinacional- é de um ano, diferentemente do da tropa. Em casos excepcionais, e quando solicitado pela a ONU, há a permanência do oficial-general além daquele prazo.
As atividades realizadas pelos brasileiros integrantes do Exército representam um esforço histórico de cooperação do país com a paz mundial. A missão no Haiti é a única -entre aquelas da ONU que visam à imposição de paz- que detém alto índice de aprovação por parte da população local (cerca de 78%)."
ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO, general-de-divisão, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Não há, no artigo citado, uma só palavra contrária ou a respeito dos conceitos contidos na carta acima.
Jornal do Brasil Naufrágio já matou 34 no Rio Solimões
Passageiros desaparecidos ainda são cerca de 20, s
MANAUS
Subiu para 34 o número de mortos no naufrágio do barco Comandante Sales, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), na madrugada de domingo. Somente ontem 17 corpos foram localizados nos rios Solimões e Amazonas. De acordo com a Polícia Civil, ainda há de 10 a 20 pessoas desaparecidas. As vítimas localizadas até agora são 17 homens, 16 mulheres e um menino de cerca de um ano.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio dos Santos, disse que já era esperado que mais corpos começassem a boiar após 48 horas do acidente, já que as águas do rio Solimões são frias, o que favorece a conservação dos cadáveres.
– Em águas mais quentes a deterioração do corpo é maior e eles vão à tona em cerca de 24 horas – explicou Santos.
A maior parte dos corpos foi encontrada na região onde o barco de madeira tombou. Dois dos corpos, contudo, foram localizados a cerca de 50 km do local do naufrágio, já no rio Amazonas, nas imediações de Manaus.
Por conta da localização distante desses corpos, equipes de buscas montaram uma barreira' com lanchas no local para tentar evitar, visualmente, que corpos sejam levados pela correnteza do rio. O raio das buscas foi estendido para até 60 km do ponto do acidente.
Ontem, cerca de cem integrantes da Marinha e do Corpo de Bombeiros trabalhavam nas buscas. Um helicóptero da Marinha também foi usado na operação.
Até o início da noite, apenas os 17 corpos localizados entre o último domingo e segunda-feira haviam sido identificados. Os outros 17 permaneciam no Instituto Médico Legal em Manaus, para reconhecimento.
Investigação
O delegado Antônio Rodrigues disse que peritos iniciam hoje a perícia no barco, que possui dois andares e cerca de 20 metros de comprimento. Segundo o delegado, a causa mais provável do acidente foi excesso de passageiros, o que teria impossibilitado a embarcação de passar por um remoinho (movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos), causando seu tombamento.
A capacidade do barco era de 50 pessoas. De acordo com estimativas do Corpo de Bombeiros, estaria transportando cerca de 80 no momento do acidente. A maioria participava de uma festa religiosa na comunidade Lago do Pesqueiro. Segundo a Marinha, o barco estava em situação irregular.
Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber quantas pessoas sobreviveram ao acidente, devido ao grande número de barcos que ajudaram no resgate. A estimativa, segundo ele, é de cerca de 50 sobreviventes.
Jornal do Brasil Bahia: destroços do bimotor são achados
Equipes de resgate confirmaram ontem ter encontrado destroços do bimotor Cessna C-130 Q desaparecido desde o final da tarde de sexta-feira no litoral sul da Bahia. A aeronave transportava quatro empresários ingleses, além do piloto e do co-piloto. Ninguém foi encontrado. Segundo o capitão da PM e coordenador da operação de busca por terra, os objetos foram guardados e examinados na manhã de ontem. As buscas aos passageiros e tripulantes foram retomadas hoje, com ajuda da Marinha
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Alto comando /Temporão no Senado/Ano polar
Gilberto Amaral
Alto comando
Foi transferida para o fim de maio, a reunião do Alto Comando do Exército. O comandante Enzo Martins Peri vai tratar com os quatro-estrelas de assuntos administrativos. Na próxima reunião deverá haver promoções.
Temporão no Senado
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai hoje ao Senado fazer uma prestação de contas sobre as iniciativas de seu ministério na luta de combate à dengue em território nacional.
No caso específico do Rio, há que se reconhecer o esforço das Forças Armadas, junto com os setores diretamente responsáveis do governo, para conseguir o controle do surto epidêmico.
Ano polar
O Congresso realiza sessão solene conjunta, nesta quinta-feira, às 10h, para comemorar a primeira participação do Brasil no 4º Ano Polar Internacional, que reúne um conjunto de ações científicas no Ártico e na Antártica. O programa envolve mais de 200 projetos, com milhares de cientistas de mais de 60 países que analisam uma série de tópicos nas áreas da física, da biologia e da pesquisa social
O Estado de São Paulo Chegam a 34 os mortos em naufrágio
MPE diz que pode bloquear bens de donos para pagar indenizações; Lula diz que ‘ganância’ causou tragédia
André Alves
O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou ontem que o número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales 2008 pode chegar a 50. Até ontem, 34 corpos haviam sido resgatados. Após o cruzamento de dados colhidos pelo serviço social da prefeitura com informações da Polícia Civil, chegou-se à conclusão de que ainda há pelo menos 20 pessoas desaparecidas.
Ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha encontraram mais 17 corpos (6 mulheres, 10 homens e 1 criança do sexo masculino). Desses, 2 foram encontrados flutuando no encontro das águas dos Rios Negro e Solimões, a pelo menos 30 quilômetros do local do acidente. As equipes de resgate trabalham numa extensão de 60 quilômetros à procura dos corpos de outras vítimas.
“Os corpos estão começando a boiar” , comentou o prefeito de Manacapuru, cidade onde residiam todas as vítimas do acidente. Na tarde de segunda-feira, 17 pessoas foram sepultadas no município. O barco Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do domingo, no Rio Solimões, interior do Amazonas.
Promotores do Ministério Público do Amazonas anunciaram que vão acompanhar as investigações sobre as causas do naufrágio. A apuração está sendo conduzida pela Capitania dos Portos e pela 1ª Delegacia Regional de Manacapuru. Um dos representantes da comissão, o promotor Agnaldo Concy, lamentou a falta de dados precisos sobre o número de passageiros do barco. “Até o momento, o único número de que dispomos é o de vítimas registradas no IML (Instituto Médico-Legal).”
Concy ressaltou que esses dados “são importantíssimos” para ajudar as famílias das vítimas a requererem indenização dos proprietários do barco. Um deles, Francisco Sales, morreu no acidente. Segundo o MPE, os bens de Sales podem ser bloqueados pela Justiça e posteriormente repassados às famílias. Estima-se que 80 a 100 pessoas estivessem na embarcação no momento do acidente.
Em visita oficial ao Amazonas, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os próprios passageiros de embarcações exijam segurança, embora tenha admitido que já viajou em embarcações “com caixa-d’água com peixe, bode, cavalo, com um palmo de água pra entrar, com tudo dentro”. “Mas as pessoas precisam autofiscalizar-se. Ninguém pode jogar sua vida numa embarcação que não tenha as condições adequadas”, afirmou. “Quando um cidadão ganancioso pensa em ganhar dinheiro alugando um barco, colocando mais gente do que deveria colocar, sem a segurança ideal, esse cidadão está cometendo crime contra o povo.”
O Estado de São Paulo Venezuela busca compra de submarinos da Rússia
Roberto Godoy
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, vai assinar essa semana, em Moscou, o contrato inicial de US$ 800 milhões para a compra dos primeiros quatro submarinos, de um provável lote de nove modelos da classe Kilo-2, considerados “muito silenciosos e furtivos”, de acordo com o chefe do estaleiro Rubin, engenheiro Yuri Kormilitsin.
A negociação foi anunciada pelo principal jornal de economia do país, o Kommersant. Chávez está na Rússia para assistir à posse, hoje, do novo presidente, Dmitri Medvedev (leia na pág. 14).
O valor total estimado da operação é de US$ 2,4 bilhão, com o armamento e o recheio eletrônico. A agência russa para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admitiu as “discussões comerciais”. O Kilo 2-636 é a última geração de uma herança da Guerra Fria. Na prática, é um novo navio de combate. É um modelo médio, que desloca 4.000 toneladas submerso, e veloz, operando na faixa de 25 nós, com autonomia de 13,5 mil km. Não há igual na América Latina - mesmo o novo submarino convencional brasileiro, o francês Scórpene, é menor, com 1.700 toneladas. O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves Igla e Strela, para atingir alvos voando baixo, entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
Duas das seis câmaras disparadoras dianteiras foram preparadas para receber o torpedo de alto desempenho e médio alcance Shkval-E. Lançado dentro de uma de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de explosivos a 400 km/h.
O Globo Amorim: continente rejeita separatismo
Em nome dos vizinhos, chanceler diz que autonomia na Bolívia deve ser negociada com o governo
Eliane Oliveira*
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após se reunir com o chanceler uruguaio, Gonzalo Fernández, que as nações sul-americanas jamais aceitariam o separatismo na Bolívia, como resultado do referendo realizado no último domingo em Santa Cruz e dos que estão por vir em outros departamentos. A autonomia, defendeu o ministro, deve ser negociada com La Paz.
- Não creio que haja separatismo. Até porque a América do Sul não aceitaria isso - disse Amorim.
Ele frisou que o Brasil não se posicionaria contra o desejo de autonomia, desde que se respeitem os princípios constitucionais e seja da vontade do povo boliviano. Segundo o ministro, é preciso que o estatuto que foi votado em Santa Cruz esteja de acordo com a Constituição em vigor no país.
O ministro defendeu um amplo acordo na Bolívia.
- É perfeitamente possível restabelecer o diálogo com a ajuda da Igreja, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos países amigos - disse Amorim, referindo-se ao Grupo de Amigos da Bolívia, formado por Brasil, Argentina e Colômbia. - O que temos que fazer é trabalhar de maneira coordenada, para irmos todos no mesmo sentido. Neste momento, temos de encontrar uma maneira de restabelecer o diálogo e é nisso que estamos empenhados. Mas com discrição, sem impor nada. Não podemos nos esquecer de que, nesse caso, o grupo de amigos foi uma sugestão inicial do próprio governo boliviano.
União Européia mostra sintonia com o Brasil
Indagado se, com a realização do referendo em Santa Cruz, um acordo não teria ficado ainda mais difícil, o chanceler brasileiro respondeu:
- O referendo já passou. Não adianta ficar pensando se é mais fácil ou menos fácil. A Bolívia é um país com o qual temos que trabalhar com as unidades nacionais. Agora, tem que haver diálogo.
Para Amorim, os eventos em Santa Cruz foram muito menos dramáticos do que o imaginado.
A União Européia (UE) também está preocupada com a tensão política, informou ontem a comissária de Relações Exteriores do bloco, Benita Ferrero-Waldner. Numa videoconferência sobre a Cúpula UE/América Latina e Caribe, marcada para este mês em Lima, no Peru, ela manifestou disposição de facilitar a aproximação entre o governo boliviano e as regiões opositoras.
- Fazemos votos para que todos os esforços, seja da Igreja, da Organização dos Estados Americanos e dos enviados do grupo de países amigos, realmente façam algo para fomentar este diálogo e que tenham êxito - disse Ferrero-Waldner, em sintonia com o Brasil.
*COLABOROU Geralda Doca
O Globo Rio reúne caçadores de ciclones
Evento este mês será o primeiro a dedicado a supertempestades no Atlântico Sul
Ana Lucia Azevedo
Ciclones extratropicais como o que deixou milhares de desabrigados e trouxe a primeira neve do ano no Sul do Brasil esta semana não são raros no país, diferentemente do que muita gente pensa. Porém, eles não são previstos com muita segurança em prazos superiores a cinco dias, o que poderia evitar mortes e prejuízos. Mas melhorar a previsão e traçar planos de redução de danos são as metas do Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul, que acontecerá no Rio de 19 a 21 de maio.
O evento será o primeiro a reunir somente especialistas nas chamadas tempestades severas para discutir o Atlântico Sul, muito menos conhecido e monitorado do que o Norte, vigiado por satélites, radares e bóias oceanográficas americanos e europeus. Por tempestade severa entenda-se fenômenos como ciclones, tornados, furacões e todo tipo de tempestade de alto poder destrutivo.
- Reuniremos especialistas do Brasil, de países do Cone Sul, da Austrália e dos Estados Unidos - diz o coordenador do encontro, Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Um desses especialistas é Manoel Alonso Gan, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Gan participa de um programa para desenvolver um modelo capaz de prever que um ciclone destrutivo está a caminho, com antecedência de uma semana a dez dias. Ele é o representante do Brasil no programa Thorpex, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Thorpex tem como meta melhorar a previsão de eventos climáticos extremos em todo o mundo e há dois anos criou um comitê para o Hemisfério Sul.
- Prevemos quando um ciclone vai se formar com até quatro dias de antecedência. Mas isso não é suficiente para evitar danos muito extensos. Se um agricultor soubesse com antecipação maior que será atingido por uma geada, poderá antecipar a colheita e reduzir o prejuízo - explica Gan, um estudioso do Catarina, o único furacão registrado no Atlântico Sul e que em março de 2004 atingiu Santa Catarina.
Para isso, é preciso investimento em equipamentos - satélites, bóias oceânicas, radares, sensores em aviões e balões climatológicos, por exemplo. E é necessário aperfeiçoar os modelos matemáticos usados para prever o tempo. Engana-se quem imagina que caçar tempestades é trabalho de fiscal da natureza. Olhos eletrônicos de satélites, sensores e radares fazem esse serviço. Meteorologistas e climatologistas lidam com números. Desenvolvem e analisam modelos que transformam em números os fenômenos climáticos. E a matemática do clima ainda se enrola nas contas quando se trata de prever fenômenos como os ciclones, nos quais uma série quase infindável de elementos, como detalhes de vento, oceanos e atmosfera, estão envolvidos.
- No Brasil há poucos radares, fundamentais para prever fenômenos extremos. E devemos refinar nossos modelos, para que antecipem a formação de um ciclone, contando com dados preliminares - diz Gan.
Santos observa que num cenário de aquecimento global, em que o painel climático da ONU prevê o aumento da intensidade e da freqüência de supertempestades, esse tipo de previsão salvará vidas.
- Esse conhecimento é importante para planejamento urbano, navegação, atividades portuárias, prospecção de petróleo e turismo, por exemplo - diz Santos, coordenador do projeto "Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro (Ciclones), apoiado pela Finep.

Saturday, May 03, 2008

Embarcações devem seguir regras
João Campos

Assim como o tráfego terrestre e aéreo, o trânsito aquaviário tem regras para manter a segurança de embarcações e tripulantes. Respeitar os limites de velocidade e fazer uso dos equipamentos de segurança e de sinalização evitam tragédias. A fiscalização das atividades nos 111km do Lago Paranoá é dividida entre a Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA) e a Marinha. Ambas seguem a Normam 3, conjunto de regras elaboradas pela Diretoria de Portos e Costas para navegantes amadores de esporte ou recreio.

A frota náutica do DF, que inclui as de Goiás, é a terceira maior do Brasil. Só perde para a do Rio de Janeiro e a de Santos (SP). São 40 mil embarcações: 20 mil em Brasília. Em 2007, foram registrados três acidentes no Paranoá. A média é de 60 ocorrências por mês. A maioria está relacionada com o consumo de álcool e falta da documentação obrigatória.

A CPMA cuida do patrulhamento ordinário, como a autuação de condutores embriagados. A fiscalização da Marinha é administrativa. Os militares checam as permissões para dirigir veículos aquáticos e o cumprimento das normas de segurança. “Trabalhamos em conjunto 24 horas. Também combatemos os crimes ambientais”, explica o major Alexandre Alves, comandante da CPMA.

O Lago Paranoá, considerado por especialistas um ótimo ponto para navegação e lazer pela sua extensão e profundidade média de 10m, se enquadra na categoria Navegação Interior 1 da Norman 3: “tais como hidrovias interiores, lagos, lagoas, baías, rios e áreas marítimas onde, normalmente, não há dificuldades ao tráfego das embarcações”. “É uma pista em bom estado de conservação, mas, além de ter a embarcação registrada e ser devidamente habilitado junto à Capitania dos Portos, é preciso ter coletes salva-vidas e bóias de salvamento nas embarcações de médio porte”, detalha o delegado fluvial de Brasília, o comandante Jorge Silva Filho,

No caso da navegação noturna, ele ressalta a obrigatoriedade do uso de luzes nas laterais e na popa (parte traseira) da embarcação. “Há uma série de outros itens, mas esses são os cruciais para um navegação com segurança”, observa Silva Filho. Para ele, a lancha envolvida no acidente de quinta-feira estava em acordo com as exigências legais: iluminação, equipamentos de segurança e documentação em dia. “Ainda não se sabe as causa do choque, mas é provável que tenha sido a falta de iluminação do barco de pesca. Atravessar o lago sem luz durante a noite é como atravessar o Eixão de olhos vendados”, compara o militar.

Kit de segurança
Empresário do setor de embarcações e náutico há mais de 40 anos, Ari Lopes Cunha defende o uso de medidas simples para evitar acidentes como o ocorrido há dois dias. “Um kit com um mastro e uma luz 360º — com visibilidade de 3,5km de alcance — resolveria a situação. A grande maioria dos pesqueiros não apresentam nenhuma iluminação, o que é um risco permanente durante a noite”, explica. Segundo Ari, o mastro com a lâmpada e uma bateria elétrica para geração de energia custam, em média, R$ 200.


Correio Braziliense BRASÍLIA – DF
Perigo no céu

Chama atenção o número de acidentes com aeronaves de pequeno porte ocorridos do início do ano até 24 de abril. Na chamada aviação geral, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica registrou 38 ocorrências, número recorde para o período.

Correio Braziliense CONEXÃO DIPLOMÁTIMA
Negócios à parte

Como é comum no Oriente Médio, diferenças e queixumes saem de campo na hora de falar em negócios. É o que mostra a assinatura do acordo comercial entre o Estado judaico e o Mercosul, para o qual o Itamaraty funcionou como pivô. Israel e Brasil têm trocado regularmente visitas em nível ministerial, e ainda no mês passado começaram a sair do papel acordos recém-assinados para cooperação acadêmica, técnica e científica. Um grupo de especialistas brasileiros está a caminho para trocar experiências em assuntos de manejo e reaproveitamento de água, matéria na qual eles esbanjam excelência. (Nós esbanjamos a água propriamente dita...) Também são exploradas oportunidades de negócios no campo militar, em contatos com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).

Folha de São Paulo Pentágono lança ofensiva na internet
Sem revelar patrocínio claramente, Defesa dos EUA mantém sites noticiosos no exterior para promover seus interesses
PETER EISLER

O Departamento da Defesa dos EUA está criando uma rede de sites de notícias em línguas estrangeiras e contratando jornalistas locais para escrever sobre os acontecimentos correntes e produzir outras formas de conteúdo que promovam seus interesses e contrabalancem a mensagem de extremistas. Os sites noticiosos foram inspirados em iniciativa semelhante desenvolvida no passado visando os Bálcãs e o norte da África e são parte de uma ação do Pentágono para expandir as "operações de informações" na internet.

A iniciativa não foi revelada publicamente. No caso do iraquiano Mawtani.com, no ar desde outubro, só um link no pé da página revela o patrocínio do Pentágono. À primeira vista, parece um site convencional. Grupos de defesa da liberdade de imprensa dizem que os sites são enganosos e podem facilmente ser confundidos com noticiários independentes.

"O que eles estão tentando é controlar a mensagem, contornando a mídia e apresentando a versão deles diretamente aos usuários; é uma responsabilidade séria informar as pessoas qual é a fonte dessas notícias", diz Amy Mitchell, diretora-assistente do Projeto de Excelência em Jornalismo.

Funcionários do Pentágono dizem que os sites são uma forma legítima e necessária de promover os objetivos políticos dos EUA e rebater as mensagens dos extremistas religiosos e políticos. Eles afirmam ainda que os EUA e seus aliados têm sido superados na batalha por levar informações a audiências do Iraque e outros países.

"É importante conquistar a atenção dessas audiências estrangeiras e informá-las", disse Michael Vickers, secretário-assistente de Defesa para operações especiais e esforços de estabilização.

"Nossos adversários usam a internet em benefício próprio, de modo que temos a responsabilidade de rebater suas mensagens com informações precisas e verossímeis."

América Latina
O Comando Sul das Forças Armadas norte-americanas está criando um site semelhante ao mawtani.com para as audiências latino-americanas. O Comando do Pacífico, que cobre a região asiática, também está interessado em estabelecer um site noticioso, segundo um porta-voz da Marinha.

Em memorando distribuído em meados de 2007, o secretário-assistente da Defesa Gordon England informou todos os comandantes regionais de que o desenvolvimento de sites como esses era "parte essencial da responsabilidade ao formular um ambiente de segurança em suas respectivas áreas".

O conteúdo dos sites noticiosos é redigido por jornalistas locais contratados para escrever reportagens que se enquadrem aos objetivos do Pentágono. Militares ou empresas terceirizadas revisam as matérias para garantir que sejam compatíveis com esses objetivos. Os repórteres só são pagos por trabalhos postados nos sites.

Os sites noticiosos se seguem ao lançamento no ano passado, pelo Pentágono, de uma "iniciativa transregional", com o objetivo de criar "um mínimo de seis" sites noticiosos dirigidos pelos comandos militares dos EUA, segundo notificação do Comando de Operações Especiais a empresas interessadas em operar esses sites.

"Os jovens nas ruas gostam da internet, e essa é a maneira pela qual eles se comunicam, sabem do que acontece no mundo, se mantêm informados. E eles escolhem com cuidado as fontes de notícias que usam", disse o coronel Jerry O'Hara, do Exército. "Temos de estar envolvidos nisso a fim de garantir comunicação efetiva."

"Isso é deliberadamente enganoso e debilita a imagem do jornalismo como observador objetivo", rebate Marvin Kalb, pesquisador do Centro Joan Sorensen de Imprensa, Política e Questões Públicas na Universidade Harvard. Ele aponta que boa parte da audiência que o Pentágono visa atingir vive em regiões do mundo onde as pessoas esperam que as notícias sejam controladas pelo governo. "Somos a exceção, e, infelizmente, tornamo-nos cada vez mais parecidos com o resto do mundo quando agimos assim".
Tradução de PAULO MIGLIACCI



Folha de São Paulo Clinton diz que Brasil tem responsabilidade e honra de preservar a Amazônia
DANIEL BERGAMASCO

Presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001, Bill Clinton declarou ontem em palestra em Nova York que a floresta amazônica dá ao Brasil, ao mesmo tempo, a "mais dura" responsabilidade sobre o futuro climático do planeta e o "privilégio" de poder assumir o desafio de preservá-la.

Diante da platéia de empresários, políticos e artistas brasileiros, Clinton disse: "Desejo que estivesse aqui ouvindo, e não falando. Porque não há país no mundo que faça mais esforços para encontrar um caminho para desenvolvimento sustentável para salvar o mundo do aquecimento global do que o Brasil (...) Sinto que vocês têm um grande problema [desmatamento], mas têm também uma sorte grande de ter a Amazônia. É uma honra ter a responsabilidade de preservá-la."

A palestra foi parte do 2º Fórum de Desenvolvimento Sustentável, organizado pela ONG Anubra (Associação das Nações Unidas Brasil), do empresário Mário Garnero, da Brasilinvest.

O ex-presidente americano mencionou o fato do álcool de cana-de-açúcar, cuja produção predomina no Brasil, ser mais eficiente que o de milho, comum nos EUA. Contudo, disse ele, é preciso zelar para que a plantação do produto não gere desmatamento.

Em discurso anterior, no mesmo fórum, Paula Dobriansky, Secretária-Adjunta de Estado para Democracia e Relações Globais, cobrou os países emergentes sobre a redução de emissão de gás carbônico. "Não adianta nada só os Estados Unidos cortarem", afirmou ela.


Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Na Antártica/Dia da Vitória
Gilberto Amaral

Na Antártica
Na próxima semana as duas Casas do Parlamento estarão envolvidas em atividades dedicadas ao continente Antártico. O objetivo é trazer mais informações sobre as pesquisas realizadas pelo Brasil na Antártica, que vêm auxiliando no entendimento dos diversos fenômenos climatológicos e vinculados à fauna e flora do Brasil. A programação inclui exposição, seminários, exibição de filme e uma Sessão Solene.

Dia da Vitória
O Dia da Vitória, para os mais jovens, vitória dos aliados contra o nazismo na 2ª Grande Guerra Mundial, dia 8, será revivido no Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro. Com a presença do ministro da Defesa Nelson Jobim, do vice-presidente José Alencar e dos comandantes militares, várias personalidades serão condecoradas com a Comenda da Vitória. Os brasileiros fizeram bonito e demonstraram bravura nos combates, principalmente em Monte Castelo.


O Dia Exército de prontidão
De plantão nas matas do Leme para impedir ataques ao Forte Duque de Caxias, militares fazem alerta à polícia para não ser confundidos com traficantes no caso de tiroteio durante a noite
Paula Sarapu

Rio - Para evitar que traficantes refugiados na mata dos morros Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, se aproximem do Forte Duque de Caxias, sentinelas do Exército estão em posições estratégicas desde o início da semana. Policiais do 19º BPM (Copacabana) e do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) chegaram a ser alertados, por telefone, para ter cuidado nas operações e não “confundir” os militares do Corpo de Guarda com bandidos que têm feito da mata campo de batalha desde o dia 21.

O subcomandante do Centro de Estudos de Pessoal do Exército, que funciona dentro do forte, coronel Nilson Rodrigues, disse que “a área militar é sempre reforçada quando há conflitos de gangues”, mas que não há riscos à segurança da base. A área militar na Rua Coelho Cintra, onde ficam as casas de militares sobre o túnel que liga Botafogo a Copacabana, também está em alerta. A polícia afirma que os bandidos invasores chegam e fogem das comunidades por lá.

Há dois dias, os moradores do Leme não escutam tiroteios. O Serviço Reservado do 19º BPM tem informações de que o bando invasor, ligado a José Ricardo Ribeiro Rosa, o Cagado, teria deixado o Morro da Babilônia, tomado dos rivais há cerca de 15 dias. PMs do Gpae continuam ocupando as duas favelas e o bairro está com policiamento reforçado.

Os intensos confrontos têm alterado a rotina dos moradores. Um casal que mora no fim da Rua General Ribeiro da Costa contou que, para chegar em casa, prefere seguir pela Rua Gustavo Sampaio e entrar pela contramão da Rua Anchieta. Tudo isso para não passar em frente à Ladeira Ary Barroso, um dos acessos às favelas.

Já a professora Luciana Almagro, 32 anos, evita cortar caminho na volta para casa, quando sai do Shopping Rio Sul. “Por causa da mata, por onde eles entram e saem da favela, a gente decidiu trocar o caminho. Pegamos mais engarrafamento, mas não subimos pela Coelho Cintra”, disse ela, ao lado da sobrinha Júlia, 8, que está fora de casa desde a invasão. “Ela mora na Ladeira e não quer voltar. Está muito impressionada.”

A estratégia dos taxistas é não passar pela Rua Coelho Cintra — antigo ponto de descanso — em alguns horários. “Qualquer movimento na mata, mesmo durante o dia, já chama nossa atenção. Tenho medo que ‘bonde’ pegue nossos táxis para fugir”, contou F., taxista há 15 anos.


O Estado de São Paulo Pequim constrói base naval nuclear, diz revista
AFP

A China está construindo secretamente uma grande base naval nuclear na ilha de Hanan, no sul do país, revelou ontem a revista britânica de defesa ‘Jane’s’. Em sua última edição, a revista afirma ter conseguido confirmar a existência da base com a análise de fotografias de satélite tiradas pelo DigitalGlobe.

“Pequim parece construir uma importante base naval subterrânea que poderia significar o fortalecimento de suas capacidades estratégicas”, afirma a publicação. Para a revista, o governo chinês quer reforçar o controle sobre a região e defender o acesso a vias marítimas vitais.


O Globo Buscas a piloto de helicóptero recomeçam hoje
Co-piloto é sepultado no Rio. Mau tempo atrapalha o resgate
Dicler Filho

Bombeiros do 26º Grupamento, de Paraty, e mergulhadores do Grupamento de Buscas e Salvamento, do Rio, com auxílio de uma equipe da Capitania dos Portos, realizaram ontem, pelo terceiro dia consecutivo, buscas na tentativa para localizar o piloto Manoel Afonso de Souza Pereira, de 59 anos. A equipe de resgate encontrou pequenos pedaços da fuselagem da aeronave. As buscas terminaram no início da noite, mas serão retomadas na manhã de hoje.

O piloto desapareceu após o helicóptero prefixo PR-IPO, da empresa Cosan, cair no mar na quarta-feira, na Praia de Laranjeiras, próximo a Trindade, a 500 metros da costa de Paraty. O acidente aconteceu quando o helicóptero retornava para São Paulo.

A assessoria de imprensa da Cosan não informou o número exato de passageiros que saíram de São Paulo, na quarta-feira, e foram deixados pela aeronave em um condomínio de luxo na Praia das Laranjeiras. Eles embarcaram na capital paulista.

O corpo do co-piloto Carlos Eduardo Jesus Azevedo, de 58 anos, foi sepultado ontem no Cemitério do Caju, no Rio. Ele foi resgatado na noite de quarta-feira, logo após o acidente.

Segundo a Cosan, os dois pilotos eram cariocas e moravam em São Paulo.

Os destroços da aeronave não foram encontrados pela equipe de resgate. A estimativa é de que o helicóptero poderá ajudar na identificação das causas do acidente, que aconteceu a 500 metros da costa.

As buscas foram reforçadas com um aparelho conhecido como Cyberscan, que possibilita uma varredura no mar, onde a equipe trabalha, ou seja, na Praia de Laranjeiras. Seis barcos são utilizados nas buscas. Os trabalhos de resgate foram prejudicados pelo mau tempo.



O Globo Disputa atrasa criação de novas linhas de barcas

Pouco mais de um ano depois do anúncio da abertura de novas licitações de transporte aquaviário para a linha de aerobarcos Niterói-Praça Quinze e para a linha de barcas São Gonçalo-Rio, muito pouco foi feito. Em abril do ano passado, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, anunciou a concorrência depois de uma série de acidentes envolvendo as embarcações das duas empresas responsáveis pelo transporte hidroviário: Barcas S/A e Transtur. O motivo de tanto atraso, de acordo com a Secretaria estadual de Transportes, seria uma disputa judicial com as duas empresas, que não querem perder o direito de explorar as linhas.

O Globo OBITUÁRIO
Deputado Ricardo Izar, aos 71 anos

Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), de 71 anos, se destacou durante a crise do mensalão, em 2005. Ele foi reeleito presidente do Conselho de Ética em março passado, quando derrotou o petista José Eduardo Cardozo (SP). A eleição de Izar foi considerada uma derrota para o PT, que trabalhava para ter à frente do colegiado um nome mais afinado com o partido e com o governo.

Izar começou carreira política em 1964, como vereador em São Paulo, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). Depois, foi eleito deputado estadual para três mandatos e, em 1988, assumiu a Câmara em Brasília, filiado ao antigo PFL, hoje DEM. Nos sucessivos mandatos, passou pelo PPB do ex-governador Paulo Maluf antes de ingressar no PTB.

Durante a Constituinte, teve 147 propostas aprovadas, o maior número individual de emendas incorporadas ao texto constitucional. Formado em direito, era pós-graduado em direito penal pela PUC-SP, onde foi presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto.

Ricardo Izar morreu às 16h de ontem, em São Paulo. Ele estava internado desde o fim de março na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do Coração, onde foi submetido, no dia 2 de abril, a uma cirurgia para correção de aneurisma na aorta. De acordo com boletim médico, Izar morreu por falência de múltiplos órgãos, em decorrência de complicações no processo de pós-operatório de cirurgia de dissecção de aorta.

Parlamentares que integram o Conselho de Ética da Câmara lamentaram a morte de Izar. O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) contou que visitou o colega no início da tarde de anteontem, e que o petebista começava a voltar à consciência após longo período sedado:

- Era um grande amigo, bom presidente, homem sério, competente. Eu lastimo muito a falta de Ricardo Izar.

O deputado Efraim Filho (DEM-PB), o mais jovem do Conselho de Ética, com 29 anos, disse que Izar, que estava no sexto mandato, era uma referência para os parlamentares iniciantes:

- O trabalho no conselho era um referencial, para mim, pela forma com que ele conduzia. É uma perda para o Congresso, que já tem uma carência muito grande. Ele buscou a verdade, independentemente de estar agradando a determinado parlamentar.

O velório do deputado começou ontem à noite, na Assembléia Legislativa de São Paulo, e o sepultamento está previsto para a tarde de hoje, no Cemitério do Araçá, no Centro da cidade. Casado com Marisa Izar, o deputado deixa dois filhos e uma neta.